SOLIDÃO
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O meu silêncio é tão grande que nem eu escuto.
Sinto o corpo frio, a alma vazia, insensíveis.
Olho para os lados e nada vejo:
Será que já morri?
De repente, ando pelo quarto e tenho lembranças:
Olho para a cama, o criado mudo.

Peças empoeiradas sobre a cômoda, chamam minha atenção. Um porta retrato especialmente.
Olho para aquela fotografia mas ela não me olha
Parece que nem me conhece mais.
Sinto um arrepio pelo corpo e minha mente
é tomada por pensamentos estranhos, coisas
que aconteceram comigo, naquele quarto,
naquela cama, com a pessoa da foto.
Um clarão invade o local e eu me vejo jovem.
Uma linda morena de olhos verdes
abraçada àquele rapaz tão lindo.
Ele me coloca sobre o leito e juntos
vamos procurando o caminho do prazer,
do amor, da eterna felicidade.
Naquela cama nos amamos, corpos entrelaçados
num frenesi total.... A noite chega e a lua,
eterna cúmplice dos amantes, atravessa a cortina
e entra, sem pedir licença e colocando sua luz
entre nossos corpos, consegue sentir e compartilhar
do nosso encontro de amor.

Ficamos assim, por muito tempo, amando tudo

que era possível, na magia

daquela noite enluarada...
Adormecemos abraçados,

como se a vida ali estivesse resumida.
Quando acordei estava só... com meu silêncio,
a alma vazia e o corpo frio, como tem sido
meus últimos dias de vida,

sem compreender a razão
de tanta tristeza, de tanta solidão...

 

SORRISO

Olho o tempo... olho meu espaço
tão reduzido agora...
Na sala, recordações singelas.
No quarto...ah! no quarto,
a tua presença permanente
embora não me queiras mais.
No porta retrato, teu sorriso franco,
Mas, sei que não é mais para mim.
De qualquer maneira pego o teu sorriso
e com ele me transporto ao passado.
Vivo tudo de novo, com a mesma alegria
de quanto estávamos juntos.
Saudade..muita saudade.
Esperança nenhuma...
Olho tua foto, teu sorriso
E fico triste porque sei
Que não é para mim que tu sorris...

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